Apresentação.
Quem busca a arte como terapia para se conhecer melhor, aliviar suas dores e viver com mais qualidade e equilíbrio, vivencia processos utilizando recursos da arte, sem a intenção de dedicar a maior parte de sua vida à produção de alguma linguagem expressiva ou habilitar-se como artista e receber o reconhecimento público. Por vezes, a vida para se preservar exige um canal de expressão com tal intensidade, que é através da arte que a experiência da dor, do sofrimento psíquico e dos conflitos capazes de bloquear a lucidez pode emergir, organizando conteúdos e atraindo a atenção de outras pessoas. Em alguns casos, é impactante a identificação do público com a mensagem veiculada por esses artistas, que produzem obras carregadas de sensibilidade, traduzindo suas vivências além das fronteiras que a maioria das pessoas supõe suportar. Assim ocorre com a obra consagrada de Frida Kahlo e de Artur Bispo do Rosário. Nos dias de hoje, vem acontecendo com a mineira Patrícia Krug.
A doença limitante (autoimunidade: esclerodermia e espondiloartrite) lhe impôs dores crônicas, a fragilidade diante da vida a afastou do trabalho, das pessoas, deprimindo e levando sua esperança. Nesse cenário devastador, Patrícia foi chamada à luta: dentre tantas necessidades – repouso, superar os efeitos colaterais das drogas e os sintomas que lhe roubam as forças, precisa de medicação inacessível e indispensável, que exige mediação da justiça e ainda deve brigar pelos parcos recursos que lhe deve a seguridade social. Descobre então muitas outras pessoas que vivem nessa espécie de limbo, esquecidas, à margem, sofrendo e com frequência desistindo diante das adversidades. Num momento de dor, angústia e ansiedade resolve desabafar dando pinceladas numa tela. Descobre a proposta da arteterapia através de uma médica reumatologista especializada nesta área, e descobre o gosto pela pintura, entregando-se com intensidade ao desafio de retratar o que sente.
Claudia Regina da Silva
(Reg prof 7182 DRT RS)